Evangelho de João com comentários

Acompanhe, em breve, aqui, a leitura comentada do Evangelho de João. Passo a passo você poderá aprofundar a compreensão da espiritualidade cristã. Venha ler conosco!

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Intermediação por anjos X acesso ao Espírito de Deus

1. Antiga Aliança: mediação por profetas, sacerdotes e anjos Na Antiga Aliança, Deus falava ao povo por meio de profetas e sacerdotes, que eram escolhidos e ungidos para serem portadores da Palavra. O povo não tinha acesso direto à revelação divina. Além disso, era comum que anjos servissem como mensageiros de Deus, transmitindo recados celestiais em momentos específicos. Exemplos bíblicos: Moisés como mediador: “Então disse o Senhor a Moisés: Eis que virei a ti numa nuvem escura, para que o povo ouça, quando eu falar contigo, e para que também te creiam eternamente.” (Êxodo 19:9) Os anjos como mensageiros: “O anjo do Senhor apareceu a ele em uma chama de fogo do meio de uma sarça.” (Êxodo 3:2) “Deus, antigamente, falou muitas vezes e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas…” (Hebreus 1:1) Esse modelo envolvia um distanciamento espiritual. O Espírito Santo não habitava permanentemente nas pessoas; Ele vinha sobre indivíduos específicos e por tempo limitado para cumprir determinadas missões (como Sansão, Davi, Isaías). 2. Proibição atual de comunicação com anjos Na Nova Aliança, há uma ênfase na centralidade de Cristo e na ação direta do Espírito Santo, o que torna desnecessária — e espiritualmente perigosa — a tentativa de buscar contato direto com anjos. A Bíblia adverte contra isso: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto aos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão.” (Colossenses 2:18) Isso revela que, com Cristo e o Espírito Santo, o foco não deve mais estar em entidades intermediárias, mas na comunhão direta com Deus. Buscar revelações por meio de anjos, médiuns ou qualquer canal paralelo à revelação de Cristo é visto como desvio espiritual. 3. Nova Aliança: o Espírito em todos Na Nova Aliança, estabelecida por Jesus, o Espírito Santo é derramado sobre toda a humanidade, sem restrição de classe, gênero ou ofício religioso. Isso é profetizado em Joel e confirmado no Pentecostes: “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.” (Joel 2:28) “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.” (Atos 2:4) Diferente da Antiga Aliança, em que apenas profetas específicos falavam inspiradamente, agora todos podem ser conduzidos diretamente pelo Espírito, pois Ele habita no coração de cada crente: “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus?” (1 Coríntios 6:19) 4. Implicações dessa diferença de regime espiritual Antiga Aliança: dependência de mediadores humanos (profetas) e angelicais (anjos); acesso limitado à presença de Deus. Nova Aliança: acesso direto e pessoal à presença de Deus pelo Espírito Santo; Cristo como único mediador (1 Timóteo 2:5). Essa transição é claramente apresentada em Hebreus: “Deus, havendo falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho...” (Hebreus 1:1-2) Conclusão A Antiga Aliança estabelecia um relacionamento espiritual baseado na distância, em intermediários e em leis externas. Já a Nova Aliança oferece um relacionamento direto com Deus, baseado em amor, liberdade e transformação interna pelo Espírito. Hoje, a voz de Deus não está presa a figuras específicas ou manifestações extraordinárias, mas pode ser ouvida no silêncio da consciência guiada pelo Espírito, presente em todos aqueles que creem. Isso é a grande revolução espiritual trazida por Cristo: Deus conosco, em nós, e por meio de nós.

A Bíblia é a Palavra de Deus... ou a mensagem divina está na Bíblia?

As Escrituras Sagradas da tradição judaico-cristã não são apenas um livro, mas uma coletânea de textos que foram sendo reunidos ao longo de muitos séculos. O Antigo Testamento, por exemplo, abrange escritos que se formaram entre aproximadamente o século XIII a.C. e o século II a.C., enquanto o Novo Testamento foi escrito no primeiro século da era cristã, entre cerca de 50 e 100 d.C. Ao longo desse extenso período, os textos foram produzidos por autores diversos, em contextos culturais, sociais e históricos distintos, utilizando línguas como o hebraico, o aramaico e o grego. Esses textos passaram por seleções, edições e traduções até chegarem à forma canônica que conhecemos hoje, tanto na tradição judaica quanto nas diversas tradições cristãs. Nesse longo processo, é natural que as Escrituras reflitam elementos próprios das culturas locais e dos tempos em que foram redigidas. Há leis, costumes, modos de organização social e discursos que expressam uma visão de mundo antiga, às vezes patriarcal, tribal ou teocrática, profundamente marcada por valores que não correspondem necessariamente aos princípios eternos que associamos à mensagem divina. É nesse ponto que se torna fundamental compreender que a Bíblia contém a Palavra de Deus, mas não é a Palavra de Deus no sentido literal ou inquestionável de cada uma de suas passagens. O núcleo da fé judaico-cristã sustenta que Deus se revelou ao longo da história por meio de pessoas inspiradas — profetas, líderes, sábios e, no caso do cristianismo, especialmente em Jesus Cristo. Essa revelação, no entanto, foi registrada por mãos humanas, limitadas ao seu tempo, à sua cultura e à sua linguagem. Assim, em meio a uma pluralidade de textos, surgem regularidades, repetições e temas centrais que indicam uma constante: uma mensagem transcendente que aponta para a justiça, a misericórdia, o amor ao próximo, a compaixão e o perdão. Essa é a Palavra que emerge das páginas da Escritura e que os crentes reconhecem como revelação divina. Portanto, ler a Bíblia com seriedade e profundidade exige discernimento. É necessário saber separar o que é contexto cultural e histórico do que é inspiração espiritual. Não se trata de relativizar tudo, mas de reconhecer que certas normas e práticas descritas nas Escrituras refletem o mundo antigo e não devem ser automaticamente aplicadas ao nosso tempo. Quando se ignora essa distinção, corre-se o risco de impor regras injustas, que podem gerar discriminação, violência ou exclusão — exatamente o oposto da proposta de Deus, que é vida plena, dignidade e reconciliação. A leitura da Bíblia deve ser feita com reverência, mas também com consciência crítica, com o auxílio do estudo teológico, da história e da razão iluminada pela fé. É preciso escutar a voz de Deus que fala por meio das Escrituras, sem perder de vista que ela fala através de vozes humanas, marcadas por suas circunstâncias. A fidelidade à Palavra de Deus não está em repetir literalmente cada versículo, mas em captar e viver o espírito da mensagem que liberta, que transforma e que constrói a justiça.

Primeiro Testamento X Segundo Testamento: a substituição da Antiga pela Nova Aliança

O Primeiro Testamento, também conhecido como Antigo Testamento, é o conjunto de livros sagrados que fundamentam a fé do povo hebreu. Nele são narradas a origem da humanidade, a história dos patriarcas, a formação de Israel como nação, a entrega da Lei mosaica e as alianças estabelecidas entre Deus e seu povo. Escritos em sua maior parte em hebraico, esses textos são marcados pela esperança messiânica e pela expectativa da plenitude da revelação divina. O Segundo Testamento, tradicionalmente chamado de Novo Testamento, apresenta a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, considerado pelos cristãos como o Messias prometido no Antigo Testamento. Composto por evangelhos, cartas apostólicas, Atos dos Apóstolos e o livro do Apocalipse, o Novo Testamento inaugura a nova aliança entre Deus e a humanidade, agora universalizada e mediada pela graça. O diálogo entre os dois testamentos é profundo. Muitos elementos do Primeiro Testamento ganham novo significado à luz do Segundo: o cordeiro pascal, os salmos messiânicos, as profecias de Isaías, Jeremias e Daniel, entre outros. Ao mesmo tempo, o Novo Testamento só pode ser plenamente compreendido em relação à tradição judaica que o precede. Portanto, Primeiro e Segundo Testamentos não são opostos, mas complementares. O Primeiro prepara o caminho; o Segundo realiza a promessa. Juntos, constituem uma narrativa teológica coerente sobre a história da salvação e o relacionamento entre Deus e a humanidade. Para a primeira aliança, foi dada a Lei; para a segunda, Jesus declara: "ἐντολὴν καινὴν δίδωμι ὑμῖν" A tradução literal da frase grega é: "Mandamento novo eu dou a vós" Note a sutileza embutida na sequência, exatamente como foi dita, palavra por palavra: ἐντολὴν – mandamento (acusativo singular de ἐντολή) καινὴν – novo(a) (acusativo singular feminino de καινός) δίδωμι – eu dou ὑμῖν – a vós / para vocês (dativo plural de σύ). Note na construção da frase a oposição - que indica a substituição - do mandamento antigo pelo novo. Essa nova orientação, baseada no amor, marca a transição da Lei para a Graça, da obediência ritual para a vivência relacional e comunitária.

Igreja: A origem do termo

📜 Origem na Grécia Antiga No grego clássico, ἐκκλησία (ekklēsía) era uma palavra composta por: ek (ἐκ): "para fora de" kaleo (καλέω): "chamar" Ou seja, literalmente, significava "chamados para fora" — mas seu uso prático era mais institucional: ✅ Significado político: Na democracia ateniense, a eklesia era a assembleia dos cidadãos com direito a voto. Era o órgão soberano do governo democrático, onde os homens livres discutiam e decidiam assuntos públicos — leis, guerra, paz, finanças, etc. Era uma instituição inclusiva (dentro dos limites da cidadania grega) e deliberativa: as decisões da eklesia moldavam a vida da pólis (cidade-estado). ✝️ Uso no Cristianismo Primitivo Com o surgimento do cristianismo, os autores do Novo Testamento — especialmente Paulo — adotaram o termo eklesia para designar a comunidade dos crentes em Cristo. ✅ Significado teológico: Refere-se à igreja, não como edifício, mas como comunidade espiritual dos “chamados por Deus”. Pode significar tanto: uma igreja local (por exemplo, "a eklesia de Corinto"), como a igreja universal, composta por todos os cristãos. 🧠 Implicações: O termo não implica hierarquia formal: é uma assembleia de iguais, unidos pela fé. Substitui, em muitos sentidos, o papel de “Israel” como povo de Deus — agora ampliado e espiritualizado. 💡 Resumo Termo Eklesia (ἐκκλησία) Origem Grécia Antiga Etimologia “Chamados para fora” Uso clássico Assembleia democrática de cidadãos Uso cristão Comunidade dos crentes em Cristo (igreja)

Continuamos a aprimorar nossos textos.

Uma pequena história do dízimo

DÍZIMO A prática do dízimo (contribuição obrigatória de 10% dos rendimentos) tem uma longa e complexa história na Igreja, e seu uso variou bastante ao longo do tempo, conforme a estrutura religiosa, política e econômica de cada época. Abaixo, uma visão cronológica destacando os períodos em que o dízimo foi praticado e os períodos em que ele não era exigido: 📜 1. Igreja Primitiva (Século I - III) Dízimo não obrigatório Nos primeiros séculos do Cristianismo, a prática do dízimo como obrigação não existia. Os cristãos viviam em comunidades perseguidas e contribuíam de forma voluntária e solidária, muitas vezes compartilhando tudo o que tinham (Atos 2:44-45). A contribuição era vista como um ato de caridade, não como um mandamento legal. 🏛️ 2. Igreja Imperial (Século IV - V) Início da institucionalização do dízimo Com a oficialização do Cristianismo pelo Império Romano (Édito de Milão - 313 d.C. e depois com Teodósio em 380), a Igreja ganhou poder político e começou a organizar-se financeiramente. O dízimo passou a ser recomendado, inspirado no modelo do Antigo Testamento, mas ainda não era imposto obrigatoriamente. 👑 3. Idade Média (Século VI - XV) Dízimo obrigatório (sob autoridade civil e eclesiástica) Durante a Idade Média, especialmente a partir do reinado de Carlos Magno (século VIII), o dízimo se tornou uma obrigação legal nos reinos cristãos europeus. Era cobrado como um imposto estatal em benefício da Igreja, com o apoio das autoridades seculares. O não pagamento podia resultar em sanções legais e espirituais. 🔥 4. Reforma Protestante (Século XVI) Rupturas e revisões do dízimo Com a Reforma, líderes como Martinho Lutero e João Calvino criticaram os abusos da Igreja Católica, mas não necessariamente aboliram o dízimo. Lutero defendeu o apoio à Igreja, mas por meios voluntários. Calvino aceitou o dízimo como necessário para manter a ordem eclesiástica. Algumas igrejas protestantes mantiveram o dízimo, outras passaram a enfatizar a contribuição voluntária. 🏛️ 5. Período Moderno (Século XVII - XIX) Variedade de práticas A obrigatoriedade do dízimo começou a diminuir em muitos países, especialmente onde ocorreu a separação entre Igreja e Estado. Em lugares como Inglaterra, Alemanha e partes da Escandinávia, o dízimo ainda era legalmente exigido. Já nos EUA e em colônias protestantes, a contribuição passou a ser quase sempre voluntária, com ênfase na oferta por convicção. 🌍 6. Igreja Contemporânea (Século XX - XXI) Prática diversificada conforme a denominação Igrejas Católicas não exigem o dízimo como obrigação de 10%, mas incentivam ofertas regulares. Muitas igrejas evangélicas e neopentecostais mantêm o dízimo como um dever espiritual e financeiro. Igrejas protestantes históricas (como presbiterianos, luteranos, metodistas) tendem a tratar o dízimo como um ideal voluntário, não uma obrigação legalista. ✅ Resumo: Períodos com e sem dízimo obrigatório Período Dízimo Obrigatório? Igreja Primitiva (I-III) ❌ Não Igreja Imperial (IV-V) ⚠️ Recomendado, não imposto Idade Média (VI-XV) ✅ Sim Reforma Protestante (XVI) ⚠️ Variável Era Moderna (XVII-XIX) ⚠️ Legal em alguns países Era Contemporânea (XX-XXI) ⚠️ Depende da denominação